terça-feira, 5 de outubro de 2010

Alturas

Não sei ao certo quanto meço. Mas sei que não é muito. Não é muito comparado com algumas amigas. Não é muito comparado com alguns amigos. Não é muito comparado com o meu irmão. É pouquíssimo comparado com o John Isner.

Mas não tenho complexos com a minha altura. Não me importo com o facto de ser baixa. Não está no topo da lista das coisas que mudava em mim. Segundo a minha mãe, é melhor ser pequena. Porque com um banco chegamos onde os grandes chegam e sem dificuldade chegamos aos sítios mais baixos e até nos podemos esconder num buraquinho (Não sei quais as probabilidades de isto ser necessário).

Não ter complexos não impede que não existam coisas que me irritam. Como ter de cortar um quarto das calças que comprei, de não poder usar vestidos compridos, de ter de ir desencantar o tal banco, de me quererem obrigar a usar saltos altos.

Mas há certas alturas na vida em que eu dava um braço para ter 1,90m. E essas alturas são em concertos. Como eu adoro ir a concertos, como eu adoro música ao vivo, vibrar literalmente com a música a ser tocada mesmo ali, a música de que mais gosto! Mas, por causa da minha altura, pago o meu bilhetinho (nada barato) e resigno-me por um vislumbre dos artistas quando me ponho em bicos de pé (e é se tiver sorte). Nestas horas de agonia eu imagino leis terríveis contra toda a gente com mais de 1,65m. Nestas alturas eu voto na segregação dentro das salas de espectáculos, zona da frente para todas as pessoas que não dormiram com os pés em adubo.

Na manhã seguinte passa, mas não deixa de ser injusto. É que a culpa não é realmente minha. E se não fossem estas alturas da vida, eu nem pensava no assunto.

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